Algumas palavras...

"Tal como o orvalho que surge e desaparece,
assim foi a minha vida
Mesmo o esplendor da fortaleza de Osaka
É um sonho dentro de um sonho."


Toyotomi Hideyoshi; um dos três líderes da unificação do Japão

15 de julho de 2011

Um País Muito Além de seu Tempo

Uma pequena crônica mixuruca que escrevi. Mas sobre a nossa justiça brasileira que é mais mixuruca ainda.
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O Brasil, um país muito além de seu tempo, quebra todos os lugares-comuns e chavões da tradição popular, como, por exemplo, que o “raio não cai no mesmo lugar duas vezes” ou que “o crime não compensa” – Quem tem essa mentalidade é um retrógado que preserva valores morais ultrapassados, portanto, barrando o progresso e o desenvolvimento de um país futurista... Vamos desconstruir velhos costumes!
Nós, brasileiros, somos muito à frente do nosso tempo. Temos a mente evoluída em relação aos outros países, pois não nos prendemos a coisas insignificantes como “valores”. A hierarquia de valores, em que se ordena verticalmente suas concepções empíricas, mediante critérios definidos pelo julgamento da consciência individual diante dos fatos (ufa), é coisa do passado. Que conversa fiada. Abaixo a hierarquia!


"A justiça atrasada não é justiça,
senão injustiça,qualificada e manifesta.
Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador
 contraria o direito escritodas partes e,
 assim, as lesa no patrimônio,
honra e liberdade." - RUI BARBOSA
 
Aqui é certamente um país adiantado em seu tempo, nosso aparelho judicial auto-legislativo não precisa, e nem deve, se prender a coisas velhas como a “Constituição”, que diz tolices como, por exemplo, que uma união estável consiste em um relacionamento entre um homem e uma mulher. Que coisa brega e preconceituosa! Nosso supremo e sacro tribunal, em nenhuma hipótese, deve reconhecer que comete erros, muito menos aceitar outro tipo de senso distintivo de justiça se não a produzida por ela mesma; e punindo exemplarmente todos aqueles que se meterem com ela ou que procurar uma proteção fora de seu sistema, agindo in sui defensionem. Como são justos e sábios esses nossos juízes!
Pois é. Neste país, muito à frente em seu tempo, quando um cidadão, cansado de sua casa ser roubada pelo mesmo patife (e pela nona vez), resolve agir em legítima defesa de seus bens (fruto de seu labor), resolve construir um dispositivo que liquida com o criminoso; é o besta do cidadão brasileiro que vai parar no xadrez, podendo ganhar trinta anos de prisão inteiramente grátis. No final das contas, foi o criminoso pé-de-chinelo, perante o nosso sistema judiciário (de um país muito além de seu tempo), mais cidadão do que o infeliz proprietário? Parece que sim.
Ironias da nossa “justiça”.
E louvam-na. É, com certeza, uma justiça à frente de seu tempo que ignora nossa Constituição e pune (como provavelmente punirá este cidadão e quem sabe quantos outros) quem tentar proteger os valores que mais prezam. Aqui não faço distinções entre bens materiais, morais ou espirituais. A iniciativa pessoal de proteger-los estão todos igualmente sendo criminalizados pela nossa avançadíssima justiça brasileira.

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