Algumas palavras...

"Tal como o orvalho que surge e desaparece,
assim foi a minha vida
Mesmo o esplendor da fortaleza de Osaka
É um sonho dentro de um sonho."


Toyotomi Hideyoshi; um dos três líderes da unificação do Japão

3 de agosto de 2011

Preguiça de Pensar: A catarse da intelectualidade brasileira

Durante as minhas férias universitárias, procurei ler e estudar o tema da intelectualidade brasileira e seu declínio, um assunto realmente vasto. Este “empreendimento” se tornou maior do que esperava, então optei por dividi-lo em textos menores, porém não sabia como introduzi-lo adequadamente neste blog. Foi quando na última quinta-feira, 28 de Julho, li, por acaso, no Caderno2 do Estado, um texto que será um belo exemplo da situação que posteriormente irei tratar.
“A Política da Preguiça” era o ostentado título do artigo. Trata-se de uma reportagem sobre o Elogio à Preguiça, um pretenso seminário montado por “filósofos” brasileiros para debater o tema.
Apesar de ser apenas uma reportagem, o conteúdo é exposto pelas palavras citadas do próprio organizador do seminário, o ‘filósofo Adauto Novaes’ (era como o Estado o chamava). A abordagem vai desde a Grécia Antiga, passando pelo capitalismo, à América.
Eis a introdução:
“Se o nosso Macunaíma murmurou “ai, que preguiça...” ao nascer, o filósofo Albert Camus comentou que “são os ociosos que transformam o mundo, porque os outros não têm tempo”. Outras milhares de citações seriam possíveis porque a indolência freqüentou a imaginação humana desde tempos imemoriais – e nem sempre com a conotação negativa que hoje a acompanha.”
Não é verdade. É freqüente a associação de preguiça e ócio como sinônimo, mas qualquer um que estude a língua portuguesa lhe dirá que não existe sinônimo perfeito. Entre estes dois termos, no entanto, não chegam nem a serem “imperfeitos”; se examinarmos a etimologia e a idéia transmitida, verificar-se-ão que são duas coisas completamente diferentes.
Ócio é proveniente do latim “otium” que significa “descanso, retiro, tempo livre para fazer algo que não o trabalho”. Enquanto a preguiça procede de “pigritia”, vindo, por sua vez, de “piger”: lento, vagaroso, inércia; notamos o termo na expressão “pigra palus” que significa “lagoa de águas paradas”. Constatamos, evidentemente, por via etimológica, a distinção clara de significados entre ócio e preguiça; além disso, o sentido destes termos, apesar de variar conforme ambiente, não pressupõe alguma conotação positiva. Essa aproximação do significado foi um acidente, ou melhor, uma confusão de conceitos que deve ser dissociados.
“Não devemos falar em crise da contemporaneidade, mas em mutação” – diz o filósofo (?).
Realmente a classe intelectual brasileira não aprende! Até pouco tempo ignorava completamente o assunto; agora, ou busca eufemismos baratos, ou joga a culpa no bicho-papão do velho capitalismo.
 O que houve foi uma apropriação brutal do tempo dos indivíduos pelo capitalismo contemporâneo.”
E o senhor Oricchio, jornalista e autor do artigo, completa: “[...] esse novo ethos capitalista se opõe frontalmente às experiências do pensamento e da reflexão”.
Nada como a repetição de um bom discurso-clichê!
“[...] as estratégias para administração do tempo alheio são uma forma de dominação.”
Não, não é o capitalismo o grande vilão da novela. É tão ridículo e infantil como culpar o “cachorro que comeu a lição de casa”. É um ser incapaz de contra-argumentar: nada mais a calhar. Difícil e doloroso é o reconhecimento do próprio erro. Admitir que eles mesmos sejam a causa de toda essa crise. Sim, crise! Nada de “mutação”. O tema será amplamente tratado nos próximos post, portanto, num primeiro momento, vou sintetizar da seguinte forma:
Qual o país que é símbolo do capitalismo? Alguém discorda que seja a United States of America? Qual o país com maior PIB do mundo? United States of America. Qual país que tem em seu território 17 das 20 melhores universidades do mundo? United States of America. (detalhe: pesquisa realizada pela universidade de Xangai).
Países como EUA possuem uma alta cultura em plena produtividade, têm trabalhos científicos e publicações reconhecidas por todo o mundo e os melhores padrões de ensino. Em países desenvolvidos, uma pessoa comum (ou seja, que possui um emprego capitalista) lê, em média, 10 livros por ano. O ócio (como atividade pessoal alternativa ao trabalho) é sim bem visto, pois são nestas circunstâncias que se formam os intelectuais que o mercado precisa e valoriza. E, além disso, sendo subsidiados pelo governo ou iniciativa privada, os doutores e intelectuais são cobrados constantemente para dêem resultados satisfatórios à sociedade. Nada mais justo.
Pergunto-lhes: sairá algum retorno benéfico à sociedade, ou até mesmo para eles, este Elogio à Preguiça? A única satisfação que terão é a “consciência tranqüila” de que o culpado de tudo é o capitalismo fantasioso. Discutem-se mais sobre ilusões confortantes do que medidas de reversão desse estado lamentável.
Há outra passagem do texto que traz o seguinte argumento:
“[...] uma das formas eficazes de controle seria estigmatizar a palavra. O preguiçoso torna-se um pária. Mas, lembra Novaes, essa noção é historicamente construída. “Na Grécia e Roma antigas, o ócio era nobre e o trabalho, vil.” Transformar a ociosidade em pecado, ou estigma social, é uma forma de culpar os que ousam dispor do seu tempo livre. Não passa de uma estratégia de dominação.”
Pressuposições totalmente distorcidas. A palavra sofre sim pressão social em cada época ou situação, fazendo com que ela adquira significação de acordo. Além disso, todas as noções, de qualquer coisa, passam por uma construção histórica, pois a própria transição situacional e os valores da sociedade moldam os sentidos que uma determinada expressão é tomada. Porém, isso não quer dizer que a “preguiça”, como signo, tivesse um sentido “inspirador” na Grécia (lembrando que utilizam erroneamente os termos como sinônimos). Não há qualquer indício de que a ela seja um princípio cultuado nessa época, mas existe sim certo “status” na ociosidade, que implicitamente significa atividade criativa.  Como mencionei, há uma confusão de significados.
 Isso, ironicamente, é a indolência intelectual, que resulta na falta de capacidade em raciocinar por mais de uma via provável; ou formular idéias e hipóteses diferentes, além daquelas já pré-formadas sobre o assunto. Em suma, compram a teoria que está em evidência e se valem dela sem ponderar e confrontar os argumentos contidos. Preguiça de pensar: a catarse da intelectualidade brasileira.
Os fatos
Primeiro: o ócio tinha seu valor nos tempos helênicos, sim. Mas desde que fosse preenchido por atividades relevantes ao bem-comum da polis. É salutar o esclarecimento de que o ócio era um direito apenas dos cidadãos atenienses, ou seja, um grupo social seleto que precisaria atender a certos requisitos: se o indivíduo não tivesse laços sanguíneos direto com alguém que detém a cidadania (um pai, por exemplo), a outra forma de se adquirir ela era através de recompensa por serviços prestados ao Estado. Portanto, a cidadania (e com ela o ócio) era uma concessão dada àqueles que de certa forma trabalharam adequadamente e que, por direito, mereciam o “descanso” – esse sim valorizado. Na verdade, esse “descanso” entendido como ociosidade não quer dizer inércia. O cidadão recompensado desenvolvia atividades igualmente necessárias: os trabalhos políticos, por exemplo. Não o isentando de um possível trabalho manual se assim for necessário.
Segundo: o trabalho não era “vil” para os gregos. A forma como o senhor Novaes coloca subtende-se que nenhum trabalho era louvado – o que é falso. Esse arremedo de pseudo-filósofo afirma uma generalização quando, na realidade, o fato em questão se realiza num universo particular: os únicos trabalhos depreciados eram exercidos por escravos. Ou seja, tarefas consideradas de baixo-escalão para serem executados por cidadãos comuns. Mas estes não eram poupados de outras tarefas profissionais: os cidadãos gregos eram comerciantes, agricultores, marinheiros e artesãos – atividades que não poderiam ser executadas por escravos.
Depois destas evidências, é claramente percebido que o ócio era uma finalidade a qual o trabalho era seu meio de acesso.
Há mais um fato importante. Além dos cidadãos e escravos, havia um terceiro grupo social presente na polis: os metecos (estrangeiros com permissão de residir em Atenas). Eles eram devidamente registrados nos demos e incorporados na administração pública: trabalham como cobradores, médicos, empreiteiros de obras, arautos, etc.
O que isso significa? A presença desses grupo social, impossibilitado de praticar o trabalho, torná-los-ia “pesos” desnecessários, uma vez que seus perfis não se encaixam nem como escravos (para serviços baixos) e nem como cidadãos (com trabalhos de nível condizente e suas regalias); isto é, eles não teriam nenhuma funcionalidade na organização democrática: seriam literalmente “preguiçosos”. No final das contas, acabaria sendo um estorvo que afetaria o equilíbrio da ordem social e certamente haveriam conflitos - pois ninguém aceitaria trabalhar enquanto estrangeiros descansam e usufruem disso, alguém aceitaria? A saída foi atribuir-lhes atividades que auxiliassem na manutenção e bem-estar em troca da permanência deles no meio.
Observações expostas, concluímos que a preguiça nunca poderia ser “elogiada” e que o “ócio” era uma resultado do labor. Essa concepção de ociosidade merecida pelo esforço do trabalho é compreendida até hoje. Assim diz Monteiro Lobato:

"Como cansa, estafa, uma vida desocupada, vazia duma grande tarefa construtora, duma batalha a ganhar cujos detalhes nos encham de bom cansaço suarento e corado, criador dos sonos de pedra e de esperança aos montes!" (A Barca de Gleyre, 1ª Ed., pg. 61)

Só uma observação: mesmo que o intuito desse Elogio fosse o ócio em si (distinto de preguiça), só o fato de associar, proposital ou acidentalmente, as duas idéias como sinônimos equivalentes - ou quase-equivalentes - já denuncia a precariedade da discussão, visto que os elementos são "filósofos".

Já um dos seminaristas do “Elogio”, o francês Jean-Pierre Dupuy, aborda o seguinte tema:
“[...] falando sobre O Tempo Que nos Resta, lembra que Tocqueville, em seu clássico A Democracia na América (1840), já havia detectado, nos EUA, um “ardor febril” na busca de bens materiais. Essa procura incessante, essa inquietação, tormento da alma, signos do capitalismo, mostrava sua face no século 19.”
 Essa mentalidade anti-ianque dos brasileiros (e franceses) é deprimente. Os Estados Unidos, desde os tempos coloniais, desenvolveram um senso próprio de dever com seus sucessores: a idéia de legar aos seus filhos alguma coisa para que eles possam viver em melhores condições de vida e manter o nome da família. Não era exatamente “ardor febril” ou “tormento da alma”, mas sim a concepção de responsabilidade com seus consangüíneos. Para isso, hierarquizam-se os valores e escolhas de acordo com que entendiam ser mais apropriado no momento.
Finalizando este “prólogo”, há uma citação, muito cara, de John Adams (o senhor ao lado que figura meu blog), o segundo presidente dos EUA, que faz um desenho sintético dessa hierarquização de prioridades. E, genericamente, exprime-se neste trecho o pensamento vigente do conhecido estilo “american way of life”:
“Eu poderia encher volumes com descrições de templos e palácios, pinturas, esculturas, tapeçaria e porcelanas – se me sobrasse tempo. Mas não poderia fazer isso sem negligenciar os meus deveres... Devo estudar política e guerra para que meus filhos possam ter a liberdade de estudar matemática e filosofia, geografia, história natural, arquitetura naval, navegação, comércio e agricultura, a fim de que dêem a seus filhos o direito de estudarem pintura, poesia, música, arquitetura, estatuária, tapeçaria e porcelana.”

21 de julho de 2011

A Arte da Conveniência

Aproveitando-se de uma opinião pública "deslocada", e que nas últimas décadas mergulhou numa instabilidade profunda e de padrões anormais, propostas anteriormente incabíveis, estão hoje mais fortalecidas e livres de qualquer julgamento de opiniões.
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Está mais do que provado que os brasileiros, em grande maioria, não possuem idéias próprias; enquanto outros, quando têm opiniões e convicções pessoais, não conseguem manter por muito tempo com medo de serem taxados pelos vigilantes sociais.
Entretanto, pior que não ter idéias, é comprá-las. Muitíssimo pior é não questioná-las em sua procedência, bem como não questionar outros fatos sutis, mas que passam fétidos diante de seus narizes. Só que os brasileiros não vê problema nisso: pechincham daqui, pechincham dali, e por fim compram as idéias mais baratas que puderem. A qualidade não importa, pois já dizia o adágio: cavalo dado não se olha os dentes!
Surge, consequentemente, uma nova classe de artesãos que usam a matéria-prima das coincidências. Através delas, manufaturam-se opiniões desenhadas especialmente ao povo, atendendo a demanda deste farto mercado brasileiro de cabeças ocas. E assim tudo procede favoravelmente. Está em voga a Arte da Conveniência.
Quando uma série de acontecimentos que, deveriam ser acidentais, se organizam e concatenam-se de tal forma que propiciam um terreno fértil para justificar uma tomada de posição, é mister que se faça questionamentos sobre isso. Ou melhor, é inadmissível que não se perguntem sobre isso.
Todavia, nos últimos tempos, muitas fatalidades estão criando situações oportunas para algumas pessoas novamente levantarem velhas propostas, que outrora haviam sido rejeitadas pela maioria. E ninguém se dispõe a interrogá-las.
Será que o nível da hipocrisia brasileira bate recordes mundiais? Pode o caráter já não ser elemento de grande importância para nós? Acontece das nossas consciências terem seus preços? Ou que nossa inteligência está competindo duramente com os protozoários? É possível que sejamos marionetes suspensas por fios das nossas ignorâncias? Ou é bem provável que este que vos escreve seja um “reaça” demente que só fala besteiras? Formule ou escolha a teoria que lhe convir.
Quem não se lembra do referendo de 2005 sobre a proibição do comércio de armas?  Enquanto o “Não” era formado por entidades independentes que se opunham à proibição, o “Sim” era patrocinado pelas mesmas fundações que financiam movimentos sociais. Além disso, tinham em sua composição várias ONGs ligadas indiretamente aos partidos da esquerda e uma horda de intelectuais e artistas da grande mídia, principalmente da Rede Globo, que davam seus depoimentos favoráveis a proibição. Mesmo diante do forte lobby intelocrata para o Sim , a maioria votou Não: 63,94% / 36,06%.
Os articuladores do Sim compreenderam que não era o momento certo. Naquele ano não houve um crime bárbaro que comovesse todo o Brasil, sendo exaustivamente coberto pela mídia. Enfim, não houve nessa época um ambiente propício para o triunfo da proibição.

Porém, quando um garoto entra numa escola e durante a aula descarrega dezenas de tiros em seus colegas, e a mídia faz seu devido trabalho, é chegado o momento adequado para uma vez mais impor seu projetinho engavetado temporariamente. E desta vez com o auxílio da pressão emocional que permeia a população. É uma estratégia calculista, mas real – foi o que aconteceu recentemente.
Aproveitando-se de uma opinião pública "deslocada", e que nas últimas décadas mergulhou numa instabilidade profunda e de padrões anormais, propostas anteriormente incabíveis, estão hoje mais fortalecidas e livres de qualquer julgamento de opiniões. Que opiniões?  O Supremo Tribunal Federal pratica um ato de traição, ao destruir o que deveria preservar, e a opinião pública mal consegue se organizar para dizer se é contra ou a favor (o que eu duvido). Agora, peço que atentem para os próximos passos da “criminalização da homofobia” e confirmem por si próprios o mesmo estratagema.
Os artífices da conveniência aprenderam a fórmula muito bem. Já podemos encontrar à venda, nas melhores e piores lojas, suas velhas idéias recauchutadas pelas tragédias contemporâneas. E a preço de banana! Prontas para serem consumidas por pessoas de valor equivalente.

15 de julho de 2011

Um País Muito Além de seu Tempo

Uma pequena crônica mixuruca que escrevi. Mas sobre a nossa justiça brasileira que é mais mixuruca ainda.
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O Brasil, um país muito além de seu tempo, quebra todos os lugares-comuns e chavões da tradição popular, como, por exemplo, que o “raio não cai no mesmo lugar duas vezes” ou que “o crime não compensa” – Quem tem essa mentalidade é um retrógado que preserva valores morais ultrapassados, portanto, barrando o progresso e o desenvolvimento de um país futurista... Vamos desconstruir velhos costumes!
Nós, brasileiros, somos muito à frente do nosso tempo. Temos a mente evoluída em relação aos outros países, pois não nos prendemos a coisas insignificantes como “valores”. A hierarquia de valores, em que se ordena verticalmente suas concepções empíricas, mediante critérios definidos pelo julgamento da consciência individual diante dos fatos (ufa), é coisa do passado. Que conversa fiada. Abaixo a hierarquia!


"A justiça atrasada não é justiça,
senão injustiça,qualificada e manifesta.
Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador
 contraria o direito escritodas partes e,
 assim, as lesa no patrimônio,
honra e liberdade." - RUI BARBOSA
 
Aqui é certamente um país adiantado em seu tempo, nosso aparelho judicial auto-legislativo não precisa, e nem deve, se prender a coisas velhas como a “Constituição”, que diz tolices como, por exemplo, que uma união estável consiste em um relacionamento entre um homem e uma mulher. Que coisa brega e preconceituosa! Nosso supremo e sacro tribunal, em nenhuma hipótese, deve reconhecer que comete erros, muito menos aceitar outro tipo de senso distintivo de justiça se não a produzida por ela mesma; e punindo exemplarmente todos aqueles que se meterem com ela ou que procurar uma proteção fora de seu sistema, agindo in sui defensionem. Como são justos e sábios esses nossos juízes!
Pois é. Neste país, muito à frente em seu tempo, quando um cidadão, cansado de sua casa ser roubada pelo mesmo patife (e pela nona vez), resolve agir em legítima defesa de seus bens (fruto de seu labor), resolve construir um dispositivo que liquida com o criminoso; é o besta do cidadão brasileiro que vai parar no xadrez, podendo ganhar trinta anos de prisão inteiramente grátis. No final das contas, foi o criminoso pé-de-chinelo, perante o nosso sistema judiciário (de um país muito além de seu tempo), mais cidadão do que o infeliz proprietário? Parece que sim.
Ironias da nossa “justiça”.
E louvam-na. É, com certeza, uma justiça à frente de seu tempo que ignora nossa Constituição e pune (como provavelmente punirá este cidadão e quem sabe quantos outros) quem tentar proteger os valores que mais prezam. Aqui não faço distinções entre bens materiais, morais ou espirituais. A iniciativa pessoal de proteger-los estão todos igualmente sendo criminalizados pela nossa avançadíssima justiça brasileira.

9 de julho de 2011

O Sofisma da Dívida

É cult ser do movimento negro e gritar por aí que a sociedade deve recompensá-los, mesmo que para isso ela tenha que abrir mão de sua voz e seus direitos, igualmente legítimos.
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Chegou ao meu conhecimento um determinado blog que, assim como outros milhares, visam expor e analisar fatos e temas correntes, porém, é claro, da perspectiva “revolucionária” da coisa. O que é comum na web. Ao ler seus artigos em nada me surpreendeu em relação a tantos outros que já li no seu modo, iníquo e vazio, de transmitir suas idéias. Mas este, “Escreva Lola Escreva”, foi além. A senhora Aronovich utiliza uma velha arma argumentativa pueril e falsa, esperando assim, tentar dissuadir o autor de um comentário que, na verdade, levantou uma questão que põe em xeque o discurso da blogueira.




Intimidados por estas desculpas reparacionistas, a grande população, sem saída, é obrigada a aceitar que é ré de um crime dos seus antepassados; e mais, sob o escudo-clichê do “contexto”, a autora do blog tenta derrubar o questionamento de um internauta pelo único viés – aparentemente irrefutável – que os movimentos sociais se sustentam. Será mesmo?

Primeiro, os aspectos técnicos: esconder-se (ou “embasar”) seus argumentos pelo artifício do contexto é contraditório, impreciso, dissimulado e, principalmente, demonstra a ignorância dos fatos históricos pela dona Aronovich. Ogden e Richards dizem: “contexto é um conjunto de entidades (coisas ou eventos) correlacionadas de certo modo; cada uma dessas entidades tem tal caráter que outros conjuntos de entidades podem ter os mesmos caracteres e estar ligados pela mesma relação; recorrem quase uniformemente” – é claro, creio eu, que a Sra. Aronovich deve estar ciente disto.

Mas o uso deste tipo de contexto para escorar esta afirmação, neste caso, peca por ser um recorte sincrônico de uma época privilegiada por seus interesses, deixando de lado outros fatos, anteriores e posteriores, do assunto. Este uso é comum na crítica literária, em que o período sincrônico, ou os eventos, é que age sobre o produto (a obra em si), produzindo-o e estabelecendo relações de características; e, mesmo quando o contexto analisado da obra é posterior ao da produção, ainda sim o objeto já é perpetuado e finito, e é ele o determinante sobre os eventos, por isso sendo passível observar os efeitos causados pelo mesmo. Mas quando se trata de entidades transistóricas, estes parâmetros não são aplicáveis. Pois sempre há fatos anteriores, ou contextos (como queira chamar), que implicam no desencadeamento do próximo, e este ao próximo, ad infinitum, entrando numa continuidade de eventos que só torna realmente compreensível numa perspectiva diacrônica. Se a dona Aronovich quer valer-se apenas pela visão sincrônica, pois a tome. Mas será sempre falho por evidenciar apenas uma parte, e não a totalidade dos fatos. Todavia, se é por este aspecto que a senhora constrói seu sofisma, será por aí que vou desmenti-la.

Mas, afinal, qual contexto a autora se refere? A oração “o que é contexto” em seu blog nos dá um link para outro artigo que, entendo eu, trata-se da sociedade atual, segundo sua visão. Entretanto, o primeiro artigo, onde ela responde o comentário, ela busca apoio principalmente no período escravocrata. Portanto, vamos ver os dois.

Contexto histórico, a escravidão: o que nos ensina o livro didático é que a escravidão era uma atividade essencialmente branca, em que estes iam para África, capturavam os negros, traziam para serem comercializados e, depois de muita luta, conquistaram a liberdade, sendo vítimas da sociedade até hoje. Bem, esta história está correta em algumas partes; mas o pior é que deixa de lado uma lacuna importante de fatos sobre o assunto que os historiadores marxistas procuram ocultar ou desconversar.

Primeiro, a palavra “escravo” vem de “eslavo”, povo do leste europeu (a mesma etimologia está presente no inglês: “slave” (escravo) e “slavic” ou “slav” (eslavo)). Pois antes do auge da escravidão que conhecemos, já na Alta Idade Média os brancos europeus foram escravos dos africanos. Parece inacreditável? Mas os dados continuam: entre 1500 e 1800 os norte-africanos capturaram cerca 1 milhão a 1,25 milhão de loiros de olhos azuis, de acordo com o historiador Robert Davis, em “Christian Slaves, Muslim Masters”, em que se baseia o livro do jornalista Leandro Narloch. Este fato, curiosamente, não faz parte dos livros didáticos brasileiros. Somente por este dado já derrubamos o argumento da “dívida” que os brancos têm com os negros. Porém, há mais coisas que devem saber.

A escravocracia não foi um regime essencialmente branco. Faz parte da cultura de povos bélicos os vencedores escravizarem os vencidos, o que foi muito comum entre tribos africanas, como bem se nota:

“[...] a escravidão não foi introduzida na África pelos brancos europeus, mas, muito antes da chegada deles, pelos mulçumanos, entre os quais, por ironia, era grande o número de negros e mulatos; e, antes ainda do domínio mulçumano, escravizar as tribos vencidas já era costume generalizado entre vários povos africanos, que mais tarde vieram a vender os prisioneiros a árabes e portugueses.” (CARVALHO, 2006, p.112)

Entrando na questão do Brasil colônia, também há informações relevantes que a Sra. Aronovich deveria saber.  Um ex-escravo, José Francisco dos Santos, após obter sua alforria, começou a exercer a atividade profissional tornando-o conhecido como “Zé Alfaiate”. Mas o Zé Alfaiate, percebendo que costurar não era lucrativo ou, quem sabe, sua praia, voltou para África e tornou-se traficante de escravos, negociando levas e levas dos seus para vários continentes.

 Outra figura, bem mais importante, o “herói” dos marxistas e garoto propaganda dos comunistas brazucas, Zumbi, chefe do famoso Quilombo dos Palmares, possuía também seus escravos particulares e quem ousasse fugir dos seus domínios tinha seu destino traçado:

“Zumbi, o maior herói negro do Brasil, o homem em cuja data de morte se comemora em muitas cidades do país o Dia da Consciência Negra, mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçado no Quilombo do Palmares. Também seqüestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo.” (NARLOCH, 2009, p.45)

Contexto hoje: as questões dos movimentos de consciência negra e afins, infelizmente, perderam há muito tempo o sentido de sua busca: a igualdade de direitos. São apenas marionetes.  Instrumentos políticos de seus financiadores, como a Fundação Ford, que visam algo além do que ajudar a minoria discriminada. Minoria? Não é bem assim.

É do consenso geral, tanto da esquerda quanto direita-da-esquerda, que o Brasil é um país miscigenado e é quase impossível achar alguém que não tenha uma parte de seu sangue negro, indígena ou dos dois. A minoria queixosa e “credora da dívida” é a militante, a minoria revolucionária que, sentindo-se vitimizados pela sociedade de cinco séculos atrás, enxerga nas pessoas hoje os senhores de escravos do passado.

Os outros negros que não se engajam nesta luta contra o espantalho histórico são tidos como alienados (e por vezes ridicularizados). Este é o status quo do ambiente universitário brasileiro, por exemplo. Para estes estudantes, incitado por docentes provenientes do marxismo cultural, é cult ser do movimento negro e gritar por aí que a sociedade deve recompensá-los, mesmo que para isso ela tenha que abrir mão de sua voz e seus direitos, igualmente legítimos.

Não nego que existem casos de racismos de brancos contra negros, mas é ridículo não conceber que existe o inverso também.

Na cultura de massa vigente não é difícil vermos exemplos de tais atos deprimentes. É comum em filmes, séries, novelas utilizarem o termo pejorativo “branquelos”. Nas séries humorísticas norte-americanas, populares no Brasil, tornou-se banal os brancos sendo os “retardados” e desprezados em virtude a união dita “consciente” de negros. Não esqueçamos dos rappers - norte-americanos e brasileiros - que incitam suas músicas à violência e o rebaixamento dos "seus opostos". É claro que pesando na balança social pendemos sempre para a potencialização dos atos dos brancos contra os negros, e pela relativização dos atos de negros contra os brancos. É o resultado do bombardeio cultural que durou décadas.

Já passou da hora de nós "afro-descendentes" (o termo é demagógico e esquerdista, mas vai ele mesmo) pararmos com esta farsa de vitimismo e desejo de reparações. Os Estados Unidos e o Brasil não têm "dívida histórica" nenhuma conosco.” – opinião do Blog Dextra. Com certeza a militância gritaria contra ele palavras como “fascista” e “supremacista branco” etc., se não fosse o autor deste blog, segundo ele próprio, mestiço de avô negro e pai mulato.

É manifestação estúpida ou “babaca” (termo que a dona Aronovich usa) vestir uma camiseta com os dizeres “consciência branca” ou “100% Caucasiano” sim. Mas é igualmente “babaca” vestir o inverso. Pois se a desculpa usada é os anos de escravidão do passado, já vimos que não é bem assim que as coisas funcionaram.

 Ressalto que não quero conquistar direito nenhum de vestir uma camiseta deste tipo, ou anular um fato pelo outro.  Mas jogar o peso do passado exclusivamente sobre a grande sociedade, que não é só branca, por atos que os próprios antepassados negros praticavam, antes mesmo dos portugueses, é de uma hipocrisia desmedida. “Sem noção” é a senhora Lola Aronovich que se acha juíza da sociedade contemporânea, vislumbrando o mundo na sua perspectiva provinciana da história. Recomendo-a que, antes de achar que um determinado segmento da sociedade tem mais direitos do que outros, procure estudar o assunto profundamente, ao invés de dar palpites sustentados por livros de colegial politicamente corretos e distorcidos.

Se o leitor/a chegou aqui e ainda sim me julgou “preconceituoso”, infelizmente não posso fazer nada. Pois realmente és tu que, tomado pela ira ao ver ir abaixo toda sua convicção marxista desta parte da história, formou um pré-julgamento cego sobre minha pessoa. Peço que se acalme, reflita, procure as fontes e releia este artigo para verificar se eu sou mesmo quem pensa que sou.

Escolha: uma mentira politicamente correta ou os fatos como realmente são.


REFERÊNCIAS:


CARVALHO, Olavo de. O Imbecil Coletivo I: Atualidades inculturais brasileiras. São Paulo: É Realizações, 2006.
NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. São Paulo: Leya, 2009.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
 ALMEIDA, João Carlos de. A Farsa do Vitimismo Afro-descendente. In: Mídia Sem Máscara. Disponível em: <http://www.midiasemmascara.org/artigos/conservadorismo/11747-a-farsa-do-vitimismo-afro-descendente.html> Acessado em: 9 jul. 2011.
PONTES, Bruno. Consciência Negra: Um produto da Fundação Ford. In: Mídia Sem Máscara. Disponível em: <http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/10510-consciencia-negra-um-produto-da-fundacao-ford.html> Acessado em: 9 jul. 2011.

4 de julho de 2011

“Dêem-me a Liberdade ou Dêem-me a Morte!”

Um pouco de história, reflexão e o reconhecimento do Quatro de Julho.
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Há exatamente 235 anos, era assinada por Thomas Jefferson, e outros grandes homens, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América – um marco histórico para o Novo Mundo. O rompimento com a Coroa Britânica foi, pode-se assim dizer, a força-motriz da estruturação e posicionamento das treze colônias até então, para formar os Estados Unidos. Em suma: E Pluribus Unum.
 Diante do derramamento de sangue, pólvora e discórdias – antes, durante e depois da assinatura do documento –, compreendeu-se que o processo de independência era algo árduo, duro e longo, havendo aqueles que estariam a favor do desligamento com a metrópole, e outros contra. Mas estes homens tinham a convicção que o governo da Coroa já não atendia suas necessidades, abusavam das colônias com taxações exorbitantes e absurdas, além de agir contra os interesses do povo americano.
Tea Party
Deste período temos importantes símbolos e passagens que devemos rememorar: um colono, James Otis, proferiu as palavras que representavam o pensamento daquela época: “taxação sem representação é ilegal”, em resposta as leis de taxas do Império Britânico, como o Sugar Acts.
Lembremos também do Tea Party, o famoso “chá amargo” que os colonos deram ao Império, jogando a mercadoria tipicamente inglesa no mar.
Recordemos de Thomas Paine que, com seu Common Sense, sendo distribuído, entoava os espíritos americanos para independência. Outro patriota, Patrick Henry, gritou: “Give me liberty, or give me death”.
A História dos Estados Unidos é repleta de próceres que lutaram pelo que hoje podemos definir como o exemplo mais bem sucedido de Democracia.
Este artigo não é um louvor à cultura norte-americana por si mesma, e sim, um reconhecimento e respeito a um país que soube definir suas bases e crenças religiosas – seus princípios –, aliando à economia livre – como foi bem notado por Tocqueville, em “A Democracia na América”:

Alexis de Tocqueville

“Há países onde um poder, de certo modo exterior ao corpo social, age sobre ele e o força a marchar em certa direção. Outros há em que a força é dividida, estando ao mesmo tempo situada na sociedade e fora dela. Nada de semelhante se vê nos Estados Unidos; ali, a sociedade age sozinha e sobre ela própria [...]. O povo reina sobre o mundo político americano como Deus sobre o universo. É Ele a causa e o fim de todas as coisas, tudo sai de Seu seio e tudo se absorve Nele.” P.96
Os norte-americanos desta fase da história são exemplo de pessoas que não se curvaram a mandos e desmandos do governo, que colocaram os interesses do Império acima dos anseios do povo:
“Na visão dos colonos, o governo inglês não procurava preservar a vida, a liberdade e a prosperidade. Pelo contrário, atentava com sua legislação mercantilista contra a propriedade dos colonos e, por vezes, como no Massacre de Boston, contra a vida dos colonos.” P.82
Um importante filósofo, John Locke, determinou, através de seus pensamentos, os idéias que culminariam na desvinculação com a metrópole. Assim ele diz:
“Quem quer que use força sem direito, como o faz todo aquele que deixa de lado a lei, coloca-se em estado de guerra com aqueles contra os quais assim a emprega; e nesse estado cancelam-se todos os vínculos, cessam todos os outros direitos, e qualquer um tem o direito de defender-se e de resistir ao agressor.”
Observando esse importante capítulo, ocorrido por volta no século XVIII, reflito sobre nosso atual governo brasileiro... Um governo que fere os interesses da grande maioria, esmagando a liberdade em favor de segmentos sociais que buscam, única e exclusivamente, a autodestruição do Brasil. Além disso, é um governo que passa por cima da Constituição, o que é inaceitável, e criando mecanismos que façam seu poder déspota perpetuar.
O governo atual não foge em nada da Coroa no século XVIII, taxando o povo e destituindo poder de quem não deve, e atribuindo à usurpadores. Refletindo sobre isto, lembro-me de dois famosos trechos da Declaração de Independência que não serve só para os estadunidenses, mas para todos os povos que estão submissos à estes governos ilegítimos. Nestes trechos, em que encerro este artigo, sintetiza-se o que é liberdade, e nos ensina o caminho para chegar à ela:

“Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade.”
“Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objecto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança.”

Referências:
KARNAL, Leandro; PURDY, Sean; FERNANDES, Luiz Estevam; MORAIS, Marcus Vinicius de. História Dos Estados Unidos: Das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.

2 de julho de 2011

Marchando para Decadência

Mais uma vez o Brasil exibe, com orgulho, a insígnia do que comumente chamam de “liberdade de expressão”: a demonstração-mor da democracia. Além disso, faz parte da peculiaridade da democracia brasileira, ou melhor, da liberdade de expressão brasileira, o direito de organizar-se de modo a dizer o pensa e fazer o que bem entender às custas do Estado. À este direito, validam toda e qualquer forma de manifestação, mesmo que isso implique em sujar a imagem de outrem.
Por sermos um país democrático – argumento infalível –, às vezes a sociedade curva-se para satisfazer o ego das minorias, que de tão minorias e reprimidas, precisam canalizar sua insatisfação protestando – mesmo que o conteúdo do protesto pareça, e é, o mais absurdo possível.
É mais que evidente e compreensível que essa classe, se é que podemos chamar de classe, busca o direito de se ludibriar, definhar e destruir-se, física, espiritual, moral e intelectualmente; sendo, além de tudo, utilizada como instrumento, “massa de manobra” ou idiotas úteis (como queiram chamar), para forças que nem ao menos (acho eu) compreendem.
Entretanto, há algumas coisas que gostaria de expor sobre esta Marcha da Maconha realizada hoje, 02/07/2011, na qual foi coberta pela UOL (e apoiada, é claro).
No início do vídeo, vemos um sujeito coberto com nossa Bandeira Nacional, dançando e cantando. Ao ver esta cena, lembro-me do trecho de um poema de Cleide Canton: “E jamais usei minha Bandeira/ para enxugar o meu suor/ ou enrolar meu corpo/ na pecaminosa manifestação de nacionalidade.” – o desrespeito para com o símbolo do país é um ato indigno, e em sua arrogância e pré-potência, este sujeito usa-a como ferramenta de provocação.
Prosseguindo com o vídeo, uma determinada empresária (do que?) nos privilegia com seu argumento merecendo ser transcrito: “A maconha é a droga mais sociável que existe, se você tem um, fuma um “baseadinho”, se tem vinte pessoas, fuma as vinte. Se eu acendo um, fuma todo mundo!” e ela encerra: “se todo fuma, acabou o tráfico”. Olha só que belo exemplo de senhora. Ora, mas é a droga coletiva! Quer dizer que quem estiver próximo, mesmo contra vontade, idoso ou criança, todos irão imbecilizar-se.
Não se contentando, em seguida um indivíduo de branco já propõe: “distribuindo drogas gratuitamente pra galera!” – Quem serão tão louváveis filantropos que abrirão mão do lucro para distribuir tal iguaria? Garanto-lhes que os traficantes dos morros (já legalizados como comerciantes) que não; menos ainda as FARC (esta como detentora do monopólio e distribuição legal). Sim, sim, vamos fazer a bolsa-maconha: um auxílio do governo federal àqueles que já venderam todos os seus pertences para comprar sua costumeira marijuana.
Vamos discutir o que é droga, afinal, na nossa sociedade!” grita outro. Bom, a este elemento eu aguardo sua lucidez e seus argumentos e teses, por escrito, para discutirmos. Pois se tentar argumentar “viajando”, até uma criança de cinco anos o vence com respostas bem mais elaboradas.
No instante 01:28seg., qual bandeira vamos sendo erguida? PSTU. É nítido que os maconheiros, ou melhor, os “consumidores de Cannabis Sativa”, são adeptos de partidos políticos com estas ideologias e que, aliás, são partidos que tem como proposta agregar todos os tipos de oprimidos e desfavorecido para suas causas proletárias. Mas será que o conteúdo desta minoria é do interesse estes partidos? Creio que não.
O que temos exatamente em 02:00seg.? A “Holy Bible” – a Bíblia Sagrada – símbolo do Cristianismo  sendo deformada, bem como a Estrela de Davi. Pergunto-lhes: este e o Judaísmo são favoráveis a Marcha da Maconha?
É uma ofensa clara, digna de interferência do Ministério Público. Mas este, é óbvio, não vê nisso mal algum, nem mesmos em gays vestirem-se de freira e zombar das instituições sagradas.
Em seguida, um exemplo clássico da mentalidade distorcida brasileira. É a opinião de uma auxiliar de limpeza:  “É sensacional” afirma a pobre senhora, e completa: “É uma plantação como qualquer outra”. Espero que ela reveja seu conceito do que seria uma “plantação como qualquer outra”.
Em toda matéria, durando 04:35seg., somente uma pessoa, uma mãe, se manifesta contra a liberação da droga (03:40seg.), e ainda sim de maneira a ressalvar como se todos os outros, com exceção dela, estivessem de acordo. Aqui é notável a manipulação ou a "imparcialidade" da UOL (o que não é novidade).
Disto tudo, reafirmo: o Brasil exibe sim um certo orgulho. Mas é o orgulho hipócrita e deprimente de imposição, como se fosse do consenso público, a vontade de um subgrupo social que, sob a alegoria de "liberdade de expressão", promovem atos, no mínimo, reprováveis e com a total consciência de que são "intocáveis" por serem A Minoria.  
As reivindicações são absurdas e incabíveis. E justamente por serem de tal desproporcionabilidade intelectual - visto que boa fatia dos manifestantes são estudantes universitários - é que são gritadas como se fossem justas. Os caput por trás deste marcha sabem muito bem disto e, quanto mais ilógico for o conteúdo reclamado, melhor; pois assim foge ao entendimento do povo, causando desvios e confusões de julgamento. Teremos então mais pessoas que pensem como aquela auxiliar de limpeza, ou que autocensurem como aquela mãe.  

A verdadeira liberdade depende de algo que chamamos de bom senso e princípios. E, infelizmente, falta e muito destes preceitos em boa parte do povo brasileiro, para então podermos levar a sério o conceito de "Liberdade de Expressão".

1 de julho de 2011

Três Fatos e Três Farsas

Nesta semana foram noticiados no UOL, site de notícias apologista revolucionário, três notícias interessantes que devemos analisar: o aniversário do Partido Comunista chinês; a montagem fotográfica do mesmo governo chinês que virou piada; e a recusa da atriz Marieta Severo do papel de Dilma Rousseff. É fácil ver uma conexão entre as notícias. Mas espere um momento, qual a ligação do filme da Dilma com a montagem do governo chinês e a comemoração do regime mais assassino em vigor? Vamos aos fatos.
Os chineses flutuantes

Enquanto a Polícia Armada do Povo, do PC (Partido Comunista), é enviada para deter rebeldes mongóis e acabar com a revolta dos trabalhadores (ora, não seria o comunismo o regime os proletários?), exterminando qualquer um que tenha idéias contrárias ao regime, o Partido comemora os 90 anos do regime com palestras prós e festejos; exportando assim, uma imagem de governo estável e economia maravilhosa que, infelizmente, disfarça todo o horror que seu povo vive e, mais infelizmente ainda, só brasileiro acredita.
Simultaneamente, o governo chinês tornou-se alvo de gozação ao divulgar uma montagem, ridícula demais por sinal, de funcionários inspecionando obras rodoviárias. Em meio a risos e hits na web, devemos parar um instante para refletirmos sobre a gravidade da coisa? Um petista diria que não. Mas, graças a Deus, não sou petista, então vamos lá: primeiro, esta imagem, convenhamos, é ‘mal feita’ elevado à décima potência para um governo que prima por evitar descuidos, principalmente no que se refere à imagem do PC; portanto não seria algum dissidente desafiando o Partido em plena comemoração do mesmo? Mas este não é o ponto principal da questão, e sim a banalização da mídia, e do povo brasileiro, frente à manipulação de fatos e que, na verdade, não é novidade nenhuma se revisarmos a história desta ideologia.

Nikolai Yezhov ao lado de Stalin

A manipulação de notícias e informações para moldar a estampa governamental foi um dos ingredientes básicos da URSS, bem como eliminações, alterações e floreios em fatos históricos; Nikolai Yezhov que nos diga! Praticamente condenado ao Damnatio Memoriae por Stalin. Isto, pois, sem muito aprofundar na educação soviética:

(Trabalho melhor do que os
 chineses flutuantes, não?)

“A distorção e a falsificação soviética tornaram-se mais evidentes no ensino de história. Por exemplo, a 2º Grande Guerra Mundial para o estudante da União Soviética começou em 1941, por ocasião da invasão nazista na Rússia, e não em 1939, quando a Polônia foi atacada. As histórias nacionais, incluindo a da própria Rússia, são falsificadas pelos historiadores comunistas sempre que isto serve aos propósitos do Partido” (CRONYN, 1962, p.84-85)
Entretanto, não pude deixar de ligar esses fatos à recente notícia do “A Primeira Presidenta”, filme de Antônio de Assis, baseado no livro homônimo do “jornalista” Helder Caldeira. O projeto, na verdade, está previsto para ser lançado em 2012, o que não me permite entrar em muitos detalhes ou uma análise mais profunda. Por enquanto. Todavia, “A Primeira Presidenta” lembra-me certamente um “filho do Brasil”, para não ser sincero e dizer “Lula, o filho d*****”. Este último, lançado em 2009, foi produzido por Luiz Carlos Barreto e baseado no livro de Denise Paraná; e olha que legal: um das produções mais caras do cinema brasileiro! 16 milhões de reais. A história do “Luizinho” foi patrocinada por diversas empreiteiras; e o mais interessante: dentre os patrocinadores, está Eike Batista, o bilionário queridinho do Brasil (o mesmo ainda foi o maior doador da reeleição de Lula e contratou José Dirceu como seu consultor).
Com essas lembranças esquecidas pelo povo quero chegar ao seguinte fato: o filme do Lulinha foi claramente feito em caráter propagandista, pois muito de sua biografia – o “lado mau” (como se tivesse lado bom) por coincidência – não foi representado na trama romântica, além de outros acontecimentos que não seriam bons para imagem do então presidente da República. "Qualquer um pode prestar a homenagem que quiser, mas na parte sindical o Lula não era aquele que foi retratado", foi o que disse o sindicalista aposentado Paulo Vidal, personagem da vida sindical de Lula, e acrescentou: “é uma baita mentira”.
Infelizmente para toda classe esquerdista sul-americana, a adaptação cinematográfica não teve o público desejado pelos artifex petistas. Mas fica a dica para Dilma e sua turminha de “jornalistas-escritores-biógrafos”: desta vez, mostrem, na íntegra e sem maquiagem, a história da dona Dilma, até as partes sórdidas. Pois assim, pelo menos, vão obter uma renda e público melhor do que a versão nove dedos, porém não garanto a boa imagem e popularidade da “presidenta” depois. Minhas saudações à Sra. Marieta Severo pelo seu bom-senso, e comemoro junto a sua agenda cheia!

Referência Bibliográfica:

CRONYN, George W. Iniciação ao Comunismo: 200 perguntas e respostas. Trad. Sérgio Moraes Rego Reis. Rio de Janeiro: Letras e Artes, 1962.

Referência de sites: