Algumas palavras...

"Tal como o orvalho que surge e desaparece,
assim foi a minha vida
Mesmo o esplendor da fortaleza de Osaka
É um sonho dentro de um sonho."


Toyotomi Hideyoshi; um dos três líderes da unificação do Japão

21 de julho de 2011

A Arte da Conveniência

Aproveitando-se de uma opinião pública "deslocada", e que nas últimas décadas mergulhou numa instabilidade profunda e de padrões anormais, propostas anteriormente incabíveis, estão hoje mais fortalecidas e livres de qualquer julgamento de opiniões.
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Está mais do que provado que os brasileiros, em grande maioria, não possuem idéias próprias; enquanto outros, quando têm opiniões e convicções pessoais, não conseguem manter por muito tempo com medo de serem taxados pelos vigilantes sociais.
Entretanto, pior que não ter idéias, é comprá-las. Muitíssimo pior é não questioná-las em sua procedência, bem como não questionar outros fatos sutis, mas que passam fétidos diante de seus narizes. Só que os brasileiros não vê problema nisso: pechincham daqui, pechincham dali, e por fim compram as idéias mais baratas que puderem. A qualidade não importa, pois já dizia o adágio: cavalo dado não se olha os dentes!
Surge, consequentemente, uma nova classe de artesãos que usam a matéria-prima das coincidências. Através delas, manufaturam-se opiniões desenhadas especialmente ao povo, atendendo a demanda deste farto mercado brasileiro de cabeças ocas. E assim tudo procede favoravelmente. Está em voga a Arte da Conveniência.
Quando uma série de acontecimentos que, deveriam ser acidentais, se organizam e concatenam-se de tal forma que propiciam um terreno fértil para justificar uma tomada de posição, é mister que se faça questionamentos sobre isso. Ou melhor, é inadmissível que não se perguntem sobre isso.
Todavia, nos últimos tempos, muitas fatalidades estão criando situações oportunas para algumas pessoas novamente levantarem velhas propostas, que outrora haviam sido rejeitadas pela maioria. E ninguém se dispõe a interrogá-las.
Será que o nível da hipocrisia brasileira bate recordes mundiais? Pode o caráter já não ser elemento de grande importância para nós? Acontece das nossas consciências terem seus preços? Ou que nossa inteligência está competindo duramente com os protozoários? É possível que sejamos marionetes suspensas por fios das nossas ignorâncias? Ou é bem provável que este que vos escreve seja um “reaça” demente que só fala besteiras? Formule ou escolha a teoria que lhe convir.
Quem não se lembra do referendo de 2005 sobre a proibição do comércio de armas?  Enquanto o “Não” era formado por entidades independentes que se opunham à proibição, o “Sim” era patrocinado pelas mesmas fundações que financiam movimentos sociais. Além disso, tinham em sua composição várias ONGs ligadas indiretamente aos partidos da esquerda e uma horda de intelectuais e artistas da grande mídia, principalmente da Rede Globo, que davam seus depoimentos favoráveis a proibição. Mesmo diante do forte lobby intelocrata para o Sim , a maioria votou Não: 63,94% / 36,06%.
Os articuladores do Sim compreenderam que não era o momento certo. Naquele ano não houve um crime bárbaro que comovesse todo o Brasil, sendo exaustivamente coberto pela mídia. Enfim, não houve nessa época um ambiente propício para o triunfo da proibição.

Porém, quando um garoto entra numa escola e durante a aula descarrega dezenas de tiros em seus colegas, e a mídia faz seu devido trabalho, é chegado o momento adequado para uma vez mais impor seu projetinho engavetado temporariamente. E desta vez com o auxílio da pressão emocional que permeia a população. É uma estratégia calculista, mas real – foi o que aconteceu recentemente.
Aproveitando-se de uma opinião pública "deslocada", e que nas últimas décadas mergulhou numa instabilidade profunda e de padrões anormais, propostas anteriormente incabíveis, estão hoje mais fortalecidas e livres de qualquer julgamento de opiniões. Que opiniões?  O Supremo Tribunal Federal pratica um ato de traição, ao destruir o que deveria preservar, e a opinião pública mal consegue se organizar para dizer se é contra ou a favor (o que eu duvido). Agora, peço que atentem para os próximos passos da “criminalização da homofobia” e confirmem por si próprios o mesmo estratagema.
Os artífices da conveniência aprenderam a fórmula muito bem. Já podemos encontrar à venda, nas melhores e piores lojas, suas velhas idéias recauchutadas pelas tragédias contemporâneas. E a preço de banana! Prontas para serem consumidas por pessoas de valor equivalente.

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